José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, é tido como o mais renomado executivo de televisão do Brasil. Ele é ex-diretor-geral da Globo, onde trabalhou por 30 anos e criou o que hoje é a maior emissora do país. Aos 78 anos, em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”, ele avalia o atual momento da televisão no mundo.
Para Boni, que é um fá de séries, a melhor TV do mundo é a norte-americana. “Tenho uma porção de séries favoritas. Adoro ‘Breaking Bad’ e sou apaixonado por ‘House’. Eu sou o ‘House’”, afirmou à Folha, após participar do Festival do CCSP (Clube de Criação de São Paulo), na noite de sábado, (21).
Boni disse que a greve dos roteiristas do cinema norte-americano entre 2007 e 2008 foi muito positiva para a televisão daquele país. “Lá, o besteirol deu lugar à uma coisa mais séria. A vida inteligente entrou na TV americana.”
Ao avaliar a TV europeia, afirmou que a produção inglesa é “correta” e a francesa, “chata porque é muito politizada”. “Para os espanhóis, tudo é brincadeirinha. Os italianos, aquele troço chato. Só sabem brincar. O Silvio Santos lá seria um gênio”, enumera.
O executivo, que hoje comanda sua própria emissora, a TV Vanguarda, afiliada da Globo no estado de São Paulo, acredita que o Brasil não sabe fazer seriado como os americanos:
“O Brasil tem condições de fazer, e já tivemos coisas de alto nível aqui. Eu acho que ‘Malu Mulher’ era algo desse nível, por exemplo. Mas a produção no Brasil é muito cara, não se adaptou a uma maneira moderna de produzir, mais eficiente e econômica. Ainda precisa se adaptar a novos padrões.”
Para Boni, é preciso mais criatividade não só no conteúdo mas também em novos formatos.“A novela ainda é tratada como uma arma de conquista de audiência. Ela tem 55 minutos para brigar com um concorrente que não é tão concorrente assim. Esticam a novela, mas não deveria ser assim”, avalia.
O sucesso da novela é relativo, diz ele, porque o formato não traz novidade. “São coisas apelativas, falta consistência”, resume. Questionado sobre a TV dos seus sonhos, respondeu:“É quando eu estou dormindo.”
Boni avalia ainda que um novo jeito de ver TV está se popularizando cada vez mais, é o on demand. Novelas e séries serão dominados por esse tipo de serviço, como Netflix e Now, e há “milhões” de formatos a explorar, explica Boni. “A produção de conteúdo superará qualquer tipo de distribuição. Quem produzir com qualidade e responsabilidade estará no mercado”, diz.
Para concorrer com os enlatados, a TV deve investir na regionalização da programação, coberturas ao vivo de eventos e jornalismo.
“A TV tem que criar novos eventos, tem que ir para a rua e usar mais a cidade. A televisão tem que se tornar um pouco mais local”, disse o empresário. “Esse modelo que está aí tem que ser alterado. A televisão tem que andar à frente da internet”, conclui.
TEXTO: RD1
Nenhum comentário:
Postar um comentário